“A tarefa da medicina no século XXI será a descoberta da pessoa- encontrar as origens da doença e do sofrimento, com este conhecimento desenvolver métodos para o alívio da dor e, ao mesmo tempo, revelar o poder da própria pessoa, assim como nos séculos XIX e XX foi revelado o poder do corpo.”
– Cassel, 1991

Para entendermos o conceito de humanização, algumas definições se fazem necessárias, a saber:

Humanização é o ato ou efeito de humanizar (-se), tornar (-se) benévolo ou mais sociável, assim como a empatia é a capacidade de se identificar com outra pessoa, de sentir o que ela sente, de querer o que ela quer, de apreender do modo como ela apreende.

A compaixão é o sentimento piedoso de simpatia para com a tragédia pessoal de outrem, acompanhado do desejo de minorá-la.

Na mitologia grega, havia um centauro (ser com cabeça, braços e dorso de humano, corpo e pernas de cavalo) chamado Quíron.

Hércules feriu acidentalmente Quíron com uma flecha envenenada. Por ser imortal, ele sobreviveu, mas a ferida tornou-se um sofrimento crônico. A partir desta dor Quíron foi capaz de entender dimensão do sofrimento daqueles que curava.

Quando o médico também tem a sua chaga, ele se torna mais empático e humaniza-se.

Quanto à abordagem médico- paciente, até os anos 50 a medicina era estritamente técnica.

AA partir dos anos 60 há consciência da necessidade de interação comunicativa entre médicos e pacientes e nos anos 70 implementa-se o termo de consentimento informado a passam a ser realizados estudos de satisfação do cliente.

Nos anos 80 e 90 o conhecimento médico-científico e médico-familiar passa a ter um viés antropológico, avaliando o aspecto cultural da doença e também a experiência e o ponto de vista do doente e dos familiares.

Atualmente a relação médico-paciente é focada na personalização da assistência, na humanização do atendimento e no direito à informação.

Alguns médicos tiveram a generosidade de dividir suas impressões quando tornaram-se pacientes.

Oliver Sacks (neurologista) escreve após fraturar uma perna: “ … A sistemática despersonalização que se vive quando se é paciente. As próprias vestes são substituídas por roupas brancas padronizadas e, como identificação, um simples número. A pessoa fica totalmente dependente das regras da instituição, se perdem muitos de seus direitos, não é mais livre.” (Sacks, 1991)

Jerome Groopman escreve belamente sobre sua própria doença e em como ela o fez rever sua maneira de exercer a medicina e mesmo de se posicionar no mundo em seu livro Anatomia da Esperança.

Existem dois modelos vigentes para o exercício da medicina. Um deles é que chamamos de abordage paternalista.

Neste modelo o médico é detentor de todo o saber e o paciente depende de suas ideias e julgamentos.

O outro modelo é o informativo, em que o paciente é informado do diagnóstico, das dificuldades de cura e cabe a ele a decisão final sobre o tratamento.

Quando trabalhamos de forma humanizada, utilizamos o modelo informativo.